Rascunho

Estava sentado no banco de um bar qualquer, ao seu redor copos e mais copos de uma bebida que ele não recordava o nome, só sabia que não gostava, ela fazia lembrar-se de toda a sua vida, de todos os seu erros.
Primeiro a bebida o fez lembrar-se dos seus melhores anos, os tempos de escola, naquela época ele era um rapaz alto, esbelto, pele clara, cabelos escuros e um sorriso perfeito; filho de família rica isso o fazia um verdadeiro sucesso com as meninas e com supostos amigos, esse sucesso o fez crescer cada vez mais esnobe e arrogante.
Com o futuro garantido não se preocupava em estudar, tinha tudo, mas não soube aproveitar.
Aos 19 anos perdeu os pais, sofreu, mas logo se recuperou ao lembrar-se da incrível fortuna que herdou a partir daquele dia só festas, bebidas e mulheres uma vida de prazeres, tudo que o dinheiro podia pagar, mas ele esqueceu que dinheiro acaba.
Com o fim de sua fortuna as festas acabaram as mulheres perderam o interesse, só lhe restou à bebida e uma vida de miséria.
Agora com os olhos marejados se olhou e viu um homem magro, um rosto cavernoso, com um sorriso amarelo e incompleto coberto pela barba mal feita, o cabelo rareado e grisalho, viu também sua roupa esfarrapada e puída.
Nesse momento com imenso pesar, pensou e se tivesse feito diferente? será que no auge dos meus 36 anos eu estaria assim, uma resposta adiada.
Uma vida com rascunho, sem tempo de passar a limpo.